domingo, 1 de janeiro de 2012

Quem tem medo do escuro?

As crianças acham tudo em nada,
os homens não acham nada em tudo.
Giacomo Leopardi


Um resumo do resuminho do resumo (Sinopse)

Após se depararem com uma tarde sem energia elétrica, dois meninos tem apenas uma saída: embarcar em aventuras onde se transformam em cavaleiros, dragões e outros seres mitológicos, naufragam em um navio pirata e enfrentam objetos que ganham vidas. Durante o mergulho na imaginação, os garotos descobrem o valor da amizade e o poder da criatividade.


Porém menino sonha de mais
Menino sonha com coisas
Que a gente cresce e não vê jamais
Nelson Rufino

O pouco é infinito (Concepção)

A imaginação infantil é o ponto de partida da dramaturgia de “Quem tem medo do escuro?”; é para ela e por ela que montamos o espetáculo. Assim, decidimos alimentar a platéia com um ingrediente especial: a fantasia. A todo instante o invisível é transformado em visível, na mesma medida que a platéia embarca na construção de ambientes diversos. Estes nem sempre estão concretizados fisicamente sobre o palco, e nem por isso deixam de existir. Essa é a interação que criamos e buscamos a cada apresentação. Não nos resumimos a nos direcionar para as crianças (e adultos, tão presentes na platéia) a fazer perguntas das quais já sabemos as respostas.

Em muitas das apresentações, os atores não se desfazem da barba para representar duas crianças. Acreditamos que não é necessário maquiagem e figurinos pomposos para uma construção de personagens bem elaborados, centrada no trabalho do ator e na cumplicidade para com a platéia. Esse elo é imagético e indestrutível.

A utilização de poucos objetos e de um cenário minimalista é algo essencial para a realização do espetáculo. Outra escolha fundamental é de que os adereços de cenas sejam de objetos facilmente encontrados no cotidiano da platéia, e utilizamos sem ajustes – objetos que as crianças esbarraram ao chegar e casa, ajudando-as a construir suas próprias aventuras.

O motivo dessas escolhas se dá no intuito de evidenciar as diversas possibilidades de objetos cotidianos na brincadeira infantil. Assim, é fácil perceber que não é necessário um grande arsenal de brinquedos para tornar mágicos os momentos de lazer e brincadeiras. O pouco se torna infinito. Nesse ponto tornamos o nosso espectador em um co-autor.


Já fui rei, já fui ao céu num avião de papel
Girei por ai e fiquei nas estrelas
Ortinho


Aventuras inenarráveis (Dramaturgia)

Antes de tudo, é fundamental evidenciar que nosso espetáculo não contém vilões maniqueístas nem seres das trevas como inimigos. Não colocamos as crianças em um conto de fadas irreal e fora do contexto com o mundo que as cerca. Tratamos com situações atuais. Cada personagem possui algum obstáculo a vencer, barreiras pessoais que precisam ser enfrentadas e resolvidas durante o espetáculo. Para conseguirmos essa aproximação com nosso público, decidimos não dar nomes aos personagens principais (os garotos que vivem os diversos personagens que são narrados). Afinal, queremos que as crianças possam se sentir próximas a eles. Capazes de criar e recriar histórias a partir de lençóis, guarda-chuvas e outros objetos do dia-a-dia.

Com uma dramaturgia construída no processo, passamos por três fazes:

Lembranças. Retornamos a nossa infância: levantar fortes com lençóis e cadeiras, construir escudos com guarda-chuva ou montar uma fazenda inteira apenas com ossos de galinha. Nessa pesquisa, era comum trazermos relatos da infância de nossos pais e avós. Causos se tornaram presentes. Em nosso espetáculo temos referências de épocas distintas de como as crianças passavam suas tardes – um tempero a mais para os pais que acompanham as apresentações.

Construção de histórias. Tínhamos dois problemas com os quais os personagens teriam que se confrontar: a falta de imaginação e de companheirismo. Isto define a temática do espetáculo: Imaginação e amizade na infância. A partir daí, fomos atrás de histórias que nos servissem como metáforas para a dramaturgia. A respeito da falta de imaginação, não haveria melhor história do que Dom Quixote de La Mancha. Já para o não companheirismo, reconstruímos um causo de John Patience.

Improvisos. Começou a brincadeira. Assim, o texto ganhou vida. Partimos de um “esqueleto” com algumas falas estabelecidas e uma trajetória do que seria a história do espetáculo. A cada ensaio uma nova referência era naturalmente introduzida. Assim, aquela tarde chuvosa ganhava cores que não eram pré- selecionadas. Pintávamos de acordo com nossas vivências e experiências do momento, resgatando nossa ancestralidade.


Tardes mágicas (Trajetória do espetáculo)

O Coletivo Cambada começa, em 2008, sua pesquisa sobre a infância moderna, refém da tecnologia. Daí, surge o curta-metragem Ninja Animal e estreamos nosso espetáculo – na época sob o título de Aventuras na Escuridão no 1o Festival de Teatro Infantil do SESC.

Em 2009, parte do elenco faz uma residência no ODIN Theatre - Dinamarca. Realizamos diversas apresentações em ONGS e escolas, entre elas no projeto Natal Branco, da Obra de Lumen de Evangelização. (ver teaser dessa apresentação). Durante 2010, o espetáculo ganha o edital de programação do Centro Cultural Banco do Nordeste e realiza 15 apresentações do espetáculo em Fortaleza (novembro e dezembro).

Já em 2011, o espetáculo entra em cartaz no Sesc Emiliano Queiroz e participa do programa Sesc Cultura na Escola (ver fotos), se apresentando nas escolas municipais Prof Antonieta Cals, Democrito Rocha, Angélica Gurgel e Edith Braga

Em 2012, Quem tem medo do escuro? participa do projeto Arte Retirante do BNB (ver fotos) e se apresenta em diversos locais em Fortaleza (Espaço Viva Gente, EDISCA – Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente, Projeto Cidadão de Futuro, Projeto Habitat das Artes (Anfiteatro do Parque Ecológico Rio Branco) e Centro Cultural Patativa do Assaré) e Guaiúba/CE (Teatro Antônio José Rodrigues Cavalcante -  Centro de Educação, Arte e Cultura Portal da Serra). Além disso, realizou várias apresentações dentro do aniversário dos 61 anos do Colégio Chritus (ver fotos).
 
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