sábado, 31 de maio de 2008

FIM



Último Capítulo de DUAS CARAS
Por Walmick Campos






Bem, como todo mundo já percebeu, toda telenovela é igual. Uma mocinha babaca, uma vilã ninfomaníaca, um galã com atuação “meia boca” (que aqui quer dizer fraca), e um quase vilão que sempre fica bonzinho no final. Pois é, pra saber todo o desenrolar de uma novela, basta assistir as propagandas que a anunciam antes de ela estrear (isso mesmo, nem é preciso se quer assistir o primeiro capítulo).


E o último? O mais esperado de todos! Ele tem um poder extraordinário: festas são adiadas, encontros desmarcados, trabalhos escolares ficam atrasados e há uma pequena, mas significativa, redução da emissão de gases poluentes na atmosfera. Sim, porque muitos dos carros já estão em suas devidas garagens, justamente pelo fato de seus motoristas estarem sentados nos sofás, ou deitados nas camas com os olhares focados no único eletrodoméstico que ainda resiste, bravamente, o domínio do computador.


Mas... Chega de papo furado (que aqui, não se refere a um furo abaixo do queixo, mas uma história que dificulta o desenrolar do assunto) e vamos direto ao que interessa: O último capítulo de Duas Caras. Pra falar a verdade eu não acompanhei a novela, mas isso não interfere na minha interpretação do final da mesma (até porque, como eu disse no primeiro parágrafo, é fácil dizer o desenrolar de uma novela). Vale a pena destacar que de uns anos pra cá, as telenovelas vêm remodelando o povo do Brasil. (o itálico no re significa que eu sei que as novelas sempre moldaram a sociedade brasileira, mas acho que hoje os valores da TV estão mais do que nunca abusivos).


Nos últimos capítulos de hoje em dia, os grandes vilões não morrem, nem ficam loucos e vão parar num hospício (a Sílvia foi, mais fugiu), ou passam o resto da vida vendo o sol nascer quadrado (ai, que brega); hoje, os grandes, e bem interpretados, vilões ficam mais ricos do que já eram, encontram um novo amor, mais rico e bobo que o anterior, e ainda vão morar no exterior, mais especificamente em Paris. (resta saber se as filmagens na Europa são recompensas da Globo, pela boa atuação no decorrer da novela).


Falando da Sílvia, como é que uma mulher que queria matar uma criança pode ser “perdoada” pelo autor, e se dá bem? (isso me parece uma cumplicidade com a violência contra crianças, principalmente agora, que o tão falado caso Isabela, está rendendo altos pontos de audiência em todas as redes de televisão do pais, gerando uma banalização vergonhosa).


Outra coisa que vimos em Duas Caras, foi a falta de criatividade. Sim, porque trazer de volta Nazaré Tedesco (Célia Mara) e Maria do Carmo (Branca) foi o cúmulo! Ao menos a briga delas foi muito engraçada. Além delas reviveram o Caderudo, de A Indomada, que em Duas Caras foi nomeado de Sufocador, porque depois de sufocar as suas vítimas, ele as carimbava na testa (contudo, do meio pro final da novela o Sufocador se transformou num misto de Lord Voldemort com um dos mutantes de Caminhos do Coração, e desistiu de carimbar suas vítimas. Mas uma coisa eu não posso deixar de falar: só Deus sabe por que aquelas mulheres entravam naquele mato no meio da noite. E o pior não era isso; e sim a péssima iluminação, porque era tosco a gente, em casa, perceber os set lights no meio do mato e iluminado tudo, além daquele gelo seco que não dava conta de nada). Mas eu até gostei do fato de o diretor da novela ser o sufocador (será que ele fez teste do sofá com todas as sufocadas? Isso foi uma piada infame).


Mais algumas coisas freqüentes nos últimos capítulos de novelas das oito(?): promessas, nunca cumpridas, de um beijo gay; casamentos em massa; exploração do trabalho de recém nascidos, sim porque eu nunca vi tantos bebês juntos; uma imagem panorâmica do Rio de Janeiro com frases bregas destacando passagem de tempo (1º é “alguns dias/tempos depois”, e 2º “dois anos depois”; atenção, o número de anos vai depender do tamanho da sentença que alguém tem que cumprir na cadeia, pra poder ser preso e solto no mesmo capítulo, nesse caso foi o Ferraço).


E pra quase finalizar (digo quase porque esse não é o último parágrafo), vocês perceberam que Duas Caras não foi escrita pelo Manuel Carlos, mas a filha dele estava no elenco? Que o uso da câmera na mão do cinegrafista tem aumentado? E, além disso, notaram também que o último capítulo foi hoje, sábado, e não numa sexta, como de costume? (pense numa liderança de audiência!).


Por fim, não sei mais o que dizer. E não percam na próxima segunda a estréia de A Favorita, a nova novela das oito.

Um comentário:

Andrei Bessa disse...

Muito bom o texto.... eu não vi o capítulo, por isso devo estar perdido em alguns comentários (mas eu pego na minha memória todos os outros finais de novelas, e entendo boa parte)....

sobre a próxima novela, eu não vi o primeiro capítulo... alias, nenhum até agora.... mas eu vejo a última semana, e serei capaz de entender.... ihhihi

=D

 
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