Marília era uma menina como outra qualquer.
Muito carismática, se dava bem com todos de seu convívio. Mas uma coisa intrigante sobre Marília era a sua relação com o fabuloso Universo Paralelo. Ela nunca visitara tal lugar, mas esse era seu grande sonho, pois ela sabia que lá encontraria muitas bonecas, desenhos, doces, vestidos e amigos. Todos outrora perdidos.
Calma, talvez você não esteja compreendendo direito. Pois me deixe explicar melhor. O Universo Paralelo é o lugar para onde todas as nossas coisas vão parar, quando simplesmente desaparecem, e não conseguimos encontrar de maneira alguma.
E na vida de Marília todas as coisas que ela ganhava, comprava ou fazia, um dia, sem que ela percebesse partiam para este misterioso lugar. Assim foi como a mamadeira; com a boneca predileta; com sua primeira sapatilha; com seus esmaltes, batons, vestidos, cartas, bolsas e despertadores.
Quando Marília indagava-se sobre suas perdas, era comum escutar dos mais velhos: “Você não perdeu, apenas não sabe onde está” ou “Quando algo é realmente nosso, ele sempre volta”.
Marília cresceu, e com o tempo se acostumou com a idéia de que tudo o que um dia lhe pertencia, no dia seguinte, sem necessidade de explicação, partiria para o Universo Paralelo. Logo, Marília teve uma idéia: não se apegaria a mais nada; não se permitiria a amar algo intensamente, pois sabia que um dia teria de perder-la.
As pessoas começaram a achar a garota diferente, às vezes achavam-na até antipática. Mas não era por que ela queria. O maior medo de Marília era que um dia o Universo Paralelo, cansado de ter para si apenas objetos, começasse a dar fim em todas as pessoas que Marília amava. Seus pais, irmão, parentes e amigos. Destes Marília não conseguiria se separar se fosse preciso, mas o Perverso Universo Paralelo não teve pena da garota, e foi roubando-lhes um a um. Dia após dia. Hora após hora.
Marília, então, se viu perdida em meio a um mar vazio, sem vida e sem alegria. Ela chorou, mas não foi o suficiente para gerar ondas, pois até estas desapareceram sem que ela notasse. A garota se perguntou o que mais ela teria para perder. Nada. Esta era a única resposta; ela mesma já estava perdida.
Foi então que um belo garoto, inexplicável e inesperadamente surgiu na sua frente, estendeu a mão e ajudou a levantá-la, ela o olhou nos olhos. Imediatamente nutriu um amor incondicional por ele. Naquele curto espaço de tempo ela o amou com mais força do que amou qualquer outra coisa na vida. O amou por todos os passeios que fariam juntos, por todos os piqueniques; o amou por todas as alegrias e perdões; o amou. E justamente por isso, o infeliz Universo Paralelo pela derradeira vez se fez presente. Enquanto ele roubava o amado garoto de Marília, este lhe dirigiu a seguinte frase: “Nada terminará se Marília não estiver sorrindo; e tudo o que é perdido, encontrado será com um largo sorriso.”.
Marília então sentou esperançosa naquele lugar. E até hoje aguarda, pacientemente, pelo dia em que dará o grande sorriso.
de Walmick Campos
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
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2 comentários:
EITA... era pra eu ter postado no meu blog...
ah... mas como achei o texto legal, vou deixar aqui tbm... xerus
e o end do meu blog é:
http://quandoamentenaopara.blogspot.com/
q lindo wal!!! :D
tão poético!
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