sábado, 15 de outubro de 2011

Otelo: frutos e flores

Com poucas apresentações, conseguimos estabelecer um diálogo com o público e com amigos do ofício.


Entre tantos textos, aos poucos vou registrar por aqui, gostaria de começar com dois deles que nos chegaram nesses últimos dias e estão disponíveis na rede.


Eu... vou contar exatamente como foi, de Silvero Pereira


"No último fim de semana esteve em cartaz Otelo do Coletivo Cambada. Em cena uma das famosas tragédias de Shakespeare, mas não uma clássica shakespeariana, pois nesta o que existe é uma tragédia doméstica, não estão em questões os problemas nacionais, fantasmas não saem de seus túmulos, não chove sangue, não há alívio cômico, não há subtramas e a ação acontece por meio de reações a um único personagem, Iago. Essa síntese é o primeiro plano da montagem do Cambada, com exceção do alívio cômico que entra, mas ainda sem propriedade suficiente, tímido. A assinatura do diretor João Andrade Joca é evidente nos corpos, na preparação, na composição e nos signos expostos. Entretanto, e fundamental, é a forte presença do próprio Cambada na cena, fortalecendo a nítida percepção da existência do diálogo entre atores e diretor. O espetáculo não é o que se pode chamar de “clean”, ele é “essência”, o que provavelmente tenha sido um dos grandes desafios, pois a dramaturgia é construída muitas vezes na passagem de tempo refletida nos corpos e na utilização da luz, sendo esta última um dos pontos mais altos da encenação. Shakespeare está vivo, é pulsante e em vários momentos ele grita ao público sua existência, sua presença viva. Seu texto é para fechar os olhos, enxergar a alma e chorar, motivo que se faz sair de casa e escolher teatro – a cidade está lá fora, onde tudo acontece. Eu estou aqui dentro, onde tudo ME acontece."


LEIA NA ÍNTREGA

Anacrônico Otelo, de Danilo Castro


"Otelo - O Mouro de Veneza, de William Shakespeare, ganhou nova roupagem no trabalho do Coletivo Cambada, que criou um clássico fora do tempo. É um texto tradicionalíssimo, numa estrutura dramática conservadora (apresentação-coerência-nó-clímax-desenlace) e que nos leva à catarse aristotélica muitas vezes negada ou repudiada pelo teatro contemporâneo. Isso porque às vezes “falta um domínio do teatro tradicional. As pessoas experimentam sem conhecer o que veio antes, então fica um pouco falso, apenas ilusoriamente experimental. Há uma preocupação em ser original que fica superficial”, disse Bárbara Heliodora numa entrevista para a Folha."


LEIA NA ÍNTREGA

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